Entra em cartaz hoje, 19, o curta-metragem “Celeste”. O filme dirigido e protagonizado por Eduardo Butakka abre o calendário das tradicionais exibições audiovisuais semanais - sempre às terças-feiras - do Cine Teatro Cuiabá, que completa 80 anos em maio. A sessão de estreia será às 19h30 e a entrada é gratuita. Quem chegar antes ainda poderá acompanhar um pocket show acústico do cantor João Reis. O “esquenta” musical começa às 19h, no foyer da instituição.

A obra cinematográfica conta a história de Celeste, uma transformista drag queen que, em meio ao isolamento social provocado pela covid-19, tenta se adaptar aos shows virtuais e alcançar audiência. No entanto, a artista precisa se encaixar em um mundo ao qual ela nunca pertenceu, fazendo com que um questionamento volte a assombrá-la: “para que serve a arte? Para nada”, diz trecho da sinopse.

“Ela uma personagem de teatro que acaba perdendo o palco com a pandemia do coronavírus. É um retrato da angústia e do processo de adaptação às novas tecnologias pelos quais os artistas passaram durante o período mais crítico da pandemia. O filme é como se fosse em tempo real, no qual Celeste se prepara para um show virtual por meio de uma live e vive a expectativa de ter boa audiência e recepção do público”, detalha Butakka.

A programação faz parte do festival “Realizador@s de MT” do projeto “Encontros com Cinema” e traz outras sete atrações com películas de humor, interpretadas por Butakka e Thyago Mourão. A parceria entre eles é antiga e teve início em 2006, quando passaram a trabalhar em espetáculos teatrais.

A dupla tem sólida carreira dedicada às artes - inclusive com diversas premiações em festivais internacionais nos Estados Unidos e na Índia - e emplacaram per- sonagens que caíram no gosto popular, como Nhô Dito, Penélope P., entre outros. Butakka lembra que os trabalhos em áudio e som marcaram o início da trajetória com o companheiro de palco.

“Era a forma que tínhamos para divulgar nossas peças. Em 2016, criamos o coletivo Não Convém, uma produção mais independente com várias esquetes de humor que chamaram a atenção no Brasil e no exterior. A partir daí, percebemos que o audiovisual local tem qualidade para ser reconhecido mundialmente. Foi um estímulo a mais para traçar metas mais ousadas e mais ambiciosas”, revela. Além de “Celeste”, os espectadores vão assistir produções audiovisuais que integram a lista de “Não Convém”, como “Funcionário do mês”, “Sombras” e “Quem é Vanessa?”, e também de grupos parceiros como o “MT Queer”, que exibirá o curta “Lágrimas de Normah”, com direção de Elton Martins e estrelado por Eloá Pimenta. Outra obra que estará na telona é “Vitamina D”, de Severino Neto, Rafael de Carvalho & Luis Aguer. Assim como “Celeste”, o curta se passa durante a pandemia e fala do cotidiano de um homem que, sozinho em casa, descobre que o sol, fofocas e nudes tem muito mais em comum do que poderíamos imaginar.

Depois das exibições, será realizado um bate papo entre a plateia presente e os realizadores dos curtas. A interação vai ser mediada pela pesquisadora e crítica de cinema, Aline Wendpap.

Cine Teatro

Em maio próximo, a instituição que sedia grandes espetáculos cinematográficos, cênicos e musicais completará oito décadas de história. Eduardo Butakka destaca a importância do Cine Teatro Cuiabá para trajetória profissional e enfatiza que o local é um marco da cultura cuiabana e mato-grossense.

“É um divisor de águas na minha vida. Depois que passei a me apresentar lá, minha carreira deu um ‘boom’ e decolou para valer devido à maior capacidade de público e estrutura, que dá mais visibilidade. É um local de renome, onde todos os artistas da terra sonham em se apresentar e explorar a arte. Tenho muito carinho por ele e desejo vida longa”.

Atualmente, a capacidade da sala de exibições é de 515 espectadores. O Cine Teatro Cuiabá está sob gestão da Associação Cultural Cena Onze, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).

 

Jornal A Gazeta – Caderno Vida – João Freitas/Redação

 

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